O cavalo que sabia aritmética
No início do século XX um alemão, Wilhelm von Osten, começou a assombrar o mundo com seu cavalo Hans. Hans sabia contar e fazer cálculos assombrosos para um cavalo. Quando Wilhelm escrevia no quadro negro, por exemplo, a soma das frações 1/2 + 1/3, Hans dava o resultado exato: 5/6.
Isso de soma de frações boa parte dos leitores nem se lembra mais como se faz. Recapitulando, temos que inicialmente achar o mínimo múltiplo comum dos denominadores das frações, que no caso é 6, e, transformando-as em frações equivalentes com o mesmo denominador, somar 3/6 + 2/6, que dá 5/6.
Agora imaginem um cavalo dar a resposta certa! Daí o alemão com seu cavalo fazerem enorme sucesso, tornando-se celebridades e aparecendo em inúmeras reportagens de jornais europeus. Wilhelm, com a famosa tenacidade germânica, dizia ter levado dez anos ensinando aritmética a Hans. Talvez também tivesse paciência de monge tibetano.
O leitor, a esta altura, deve estar julgando tudo isso, no mínimo, uma ficção, mesmo porque animal não fala. E, se Hans não falava, como respondia às questões? De modo cavalar, é claro – com patadas.
Quando Wilhelm escrevia no quadro-negro 1/2 + 1/3 e perguntava a resposta, Hans dava cinco patadas no chão (o numerador da resposta) e, após uma pausa, seis patadas – o denominador!
Agia de maneira análoga para outras frações. E, surpreendentemente, dava também os divisores de um dado número. Um espanto! A molecada de hoje ficaria com sensação de burrice diante dos prodígios daquele cavalo!
É claro que deveria haver um truque, mas ninguém descobria como funcionava. E o que se faz nessas horas? Nomeia-se uma comissão. Nosso governo é pródigo nisso!
O fato é que uma comissão de especialistas comandada pelo famoso psicólogo alemão Karl Stumpf, depois de muitas observações, chegou à conclusão de que Hans realmente era craque em aritmética. Uma coisa fantástica. Coisa de cavalo alemão!
Todavia, um aluno de Stumpf, Oskar Pfungst, levou a cabo algumas experiências que resultaram em conclusão oposta. Oskar simplesmente propunha questões a Hans de forma tal que Wilhelm, embora presente, não pudesse vê-las. Nessa condição Hans se comportava como um burro – não acertava nada!
A conclusão final: Hans sentia qualquer reação sutil (levantamento de sobrancelha ou leve dar de ombros imperceptível a todos) ao cessar a ansiedade de Wilhelm e parava de bater a pata – e nem o próprio Wilhelm tinha mais consciência disso. Afinal, foram 10 anos de treinamento e a comunicação do alemão com seu cavalo passou a ser através de gestos extremamente sutis.
Quem tem um cachorrinho sabe da existência dessa comunicação.
Isso de soma de frações boa parte dos leitores nem se lembra mais como se faz. Recapitulando, temos que inicialmente achar o mínimo múltiplo comum dos denominadores das frações, que no caso é 6, e, transformando-as em frações equivalentes com o mesmo denominador, somar 3/6 + 2/6, que dá 5/6.
Agora imaginem um cavalo dar a resposta certa! Daí o alemão com seu cavalo fazerem enorme sucesso, tornando-se celebridades e aparecendo em inúmeras reportagens de jornais europeus. Wilhelm, com a famosa tenacidade germânica, dizia ter levado dez anos ensinando aritmética a Hans. Talvez também tivesse paciência de monge tibetano.
O leitor, a esta altura, deve estar julgando tudo isso, no mínimo, uma ficção, mesmo porque animal não fala. E, se Hans não falava, como respondia às questões? De modo cavalar, é claro – com patadas.
Quando Wilhelm escrevia no quadro-negro 1/2 + 1/3 e perguntava a resposta, Hans dava cinco patadas no chão (o numerador da resposta) e, após uma pausa, seis patadas – o denominador!
Agia de maneira análoga para outras frações. E, surpreendentemente, dava também os divisores de um dado número. Um espanto! A molecada de hoje ficaria com sensação de burrice diante dos prodígios daquele cavalo!
É claro que deveria haver um truque, mas ninguém descobria como funcionava. E o que se faz nessas horas? Nomeia-se uma comissão. Nosso governo é pródigo nisso!
O fato é que uma comissão de especialistas comandada pelo famoso psicólogo alemão Karl Stumpf, depois de muitas observações, chegou à conclusão de que Hans realmente era craque em aritmética. Uma coisa fantástica. Coisa de cavalo alemão!
Todavia, um aluno de Stumpf, Oskar Pfungst, levou a cabo algumas experiências que resultaram em conclusão oposta. Oskar simplesmente propunha questões a Hans de forma tal que Wilhelm, embora presente, não pudesse vê-las. Nessa condição Hans se comportava como um burro – não acertava nada!
A conclusão final: Hans sentia qualquer reação sutil (levantamento de sobrancelha ou leve dar de ombros imperceptível a todos) ao cessar a ansiedade de Wilhelm e parava de bater a pata – e nem o próprio Wilhelm tinha mais consciência disso. Afinal, foram 10 anos de treinamento e a comunicação do alemão com seu cavalo passou a ser através de gestos extremamente sutis.
Quem tem um cachorrinho sabe da existência dessa comunicação.
Adalberto Nascimento
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